segunda-feira, 15 de outubro de 2007

UM MINISTÉRIO RELEVANTE

Nos últimos anos a grande pergunta que não quer calar no fundo do meu coração é a seguinte: - Como continuar desenvolvendo um ministério sério em meio a tantos desvios da Igreja Evangélica hoje? Ouvi nestes últimos meses que a importância em se fazer teologia é a preocupação em manter a prática da igreja fiel ao conteúdo bíblico, sendo necessária uma observação dos avanços culturais e sociológicos da sociedade onde esta igreja está inserida a fim de mantê-la contemporânea sem perder-se o conteúdo bíblico.

A recente história da igreja brasileira revela uma triste realidade da perda da sua identidade com o passar das gerações, de tempos em tempos conhecemos novos modismos na sociedade que insistem em pressionar os crentes a imitá-los. São práticas e manias que vemos infiltrados em nossos cultos sem o menor pudor, desde o estilo de nossas vestimentas até as festas que comemoramos em nossas comunidades. Se a moda diz que as mulheres devem usar roupas transparentes lá estão nossas irmãzinhas deixando aparecer todas as curvas do seu corpo sem o menor cuidado na defraudação. Se o consenso é que os rapazes devem cuidar do porte físico lá estão nossos jovens gastando horas do seu precioso e escasso tempo presos aos exercícios físicos na ânsia de conquistar a definição de músculos que serão apreciados pelas mesmas garotas que se amostram nos corredores dos templos.

Agora talvez este não seja o nosso maior problema em manter-nos firmes aos princípios bíblicos, o que mais me incomoda é a mensagem que esta sendo pregada pelos pregadores da “nova geração”. Dizem eles que hoje tudo não tem nada haver, isto é, se você não consegue viver uma vida santa longe do pecado não tem nenhum problema, se você não é fiel a sua esposa, tudo bem, Deus quer mesmo é que você o sirva com os seus dons e talentos – que hoje está diretamente ligado a quanto você tem no banco - o resto é resto.

Um ministério relevante nos nossos dias primeiro tem que ser teologicamente bíblico. Algumas coisas não podem ser negociadas quando se fala em ministério cristão, não se pode sucumbir às pressões da maioria, não é porque tudo mundo faz que eu seja obrigado a fazer também. È muito mais sadio manter-se as tradições do que inovar e perder-se a essência divina. Nossa estrutura eclesiástica precisa sim de uma contextualização cultural, mas não pode ser igual ao mundo. Muito do que se defende como cultura está profundamente comprometido com os ardis do diabo e isso não pode ser absorvido pelos cristãos deste século.

Em segundo lugar acredito que um ministério relevante também precisa estar preocupado com o social. Desenvolver um ministério baseado em satisfazer somente os nossos sonhos e implementar apenas a nossa causa é muito fácil, difícil mesmo é importar-se com o bem estar de toda a comunidade, atender as necessidades dos outros em detrimento das nossas. Somos uma geração que desaprendeu o significado de servir uns aos outros e buscamos só a nossa bênção, a lei hoje em dia é cada um por si e Deus por todos. No primeiro ano lá no Seminário enquanto discutíamos sobre as sociedades pude entender algumas coisas na minha própria igreja, há uns onze anos atrás a igreja contava com pouco mais de 60 membros e dentre eles talvez um ou dois eram universitários e talvez uns três ou quatro tinham realmente planos para alcançar o sucesso na vida. Hoje, somos em média 300 pessoas onde pelo menos uns quarenta estão cursando uma faculdade ou já terminaram a sua, enquanto outros vinte ou trinta correm atrás de posições melhores daquelas que ocupam agora. Quando discutimos essa situação com os líderes descobrimos que a causa de tudo isso foi da atitude em sempre nivelar as coisas por cima, isto é, trabalhar as pessoas no máximo das suas possibilidades mostrando-lhes que sempre é possível ser um pouco melhor do que somos hoje. O fato de estarmos na periferia de Nilópolis, cercados por todos os empecilhos de uma comunidade carente não nos impediu de olhar para frente e encontrar novas possibilidades.

Em terceiro lugar eu idealizo um ministério relevante àquele que é feito de entrega e renúncia. Infelizmente alguns líderes não compreendem que isso é que diferencia o chamado cristão da profissão secular, um profissional desenvolve o seu trabalho buscando sempre o reconhecimento, já o comissionado investe todo o seu potencial pelo simples prazer de abençoar alguém. É evidente que aqueles que vivem para o evangelho que sejam sustentados e bem sustentados por isso, só que o que encontramos por aí não é bem o que eu chamaria de sustento ministerial, pois muitos líderes evangélicos estão mais para salários de marajás. É quase caso de polícia mesmo.

Talvez a situação econômica do nosso país traga uma certa insegurança àqueles que assumem o ministério, pois na sua grande maioria possuem família, esposa e filhos para criar, então na tentativa de oferecer-lhes o melhor possível acaba tirando do ministério todo o sustento que julgam necessário e causam alguns desconfortos como salários e benefícios muito altos para o padrão da sua igreja ou organização.

Bom seria que todos nós entendêssemos o quão importante é que o ministro, pastor ou missionário tivessem todas as suas necessidades supridas e não tivessem que se preocupar com o dia de amanhã, porém seria muito bom também que esses mesmos ministros, pastores e missionários entregassem o seu futuro nas mãos de Deus, pois é Ele que nos sustenta em toda a qualquer situação.

Em quarto lugar acredito que um ministério relevante precisa ter uma visão que alcance o mundo todo como o seu alvo evangelístico. Por anos a comunidade evangélica brasileira ficou presa a uma visão missionária que só era transcultural, então todo o seu esforço missionário tinha que ser pra fora das suas fronteiras. Hoje, nós enfrentamos as conseqüências disso quando encontramos um país totalmente escravizado pela idolatria e as práticas esotéricas, somos o segundo país em terreiros de macumba do mundo e os maiores magos e feiticeiros vêm para cá buscar “inspiração” para as suas mágicas. A necessidade de fazermos missões nos grandes centros é mais urgente do que nunca, pois essas cidades estão perdidas em meio a tantas confusões de culturas, violência urbana e amor ao dinheiro. Nossas faculdades ensinam que Deus já era e a Bíblia nada mais é do que história de conto de fadas.

Estes são os pontos que devem fazer parte de um ministério relevante em nossos dias um ministério bíblico, preocupado com o próximo, cheio de entrega pessoal e interessado em alcançar o mundo todo para Jesus. Talvez essa seja a antítese do que vemos por aí hoje, mas é a minha ideologia de ministério que estou procurando preservar enquanto mero estudante. Talvez algumas outras verdades venham abrir meus olhos para diferentes realidades, porém acredito que essa essência não posso perder com o passar dos anos.

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